domingo, 10 de novembro de 2013

Ingresso no Corpo de Fuzileiros Navais

No início do ano de 1973, o Senhor João 'Mariano', um alfaiate que morava na Rua São Geraldo, próximo ao Mercado do Bairro das Quintas e que fora meu catequizador nos ensinos cristãos na preparação para a primeira comunhão, curso realizado na Igreja Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, Bairro das Quintas, me deu a seguinte informação:


- Miguelzinho - era assim que ele costumava me tratar apesar de eu já está com 16 anos e próximo a completar os 17!, tenho um sobrinho que era muito pobre, tinha uma vida muito difícil assim como você e o incentivei a estudar e entrar para os "Fuzileiros Navais".  Atualmente, meu sobrinho vive bem, já é sargento naval, casou, tem uma linda família, é um cidadão exemplar, ... Acredito que, se você estudar e fizer concurso para os Fuzileiros Navais, deve passar e seguir carreira como este meu sobrinho.

Ao chegar em casa naquele dia comentei o ocorrido com minha mãe que me incentivou a estudar para tal concurso.

Na época, tínhamos um vizinho por nome Maranhão (nós o tratávamos por 'seu Maranhão) que era administrador do Mercado da Cidade Alta - atualmente instalações do Banco do Brasil.  Bem, 'seu' Maranhão tinha uma filha casada com um Cabo Fuzileiro Naval conhecido por Cabo Lala.  O Cabo Lala foi meu primeiro contato com um verdadeiro Fuzileiro Naval!  Um homem alto, forte, compleixões atléticas e que, ao tomar conhecimento do meu interesse pelo ingresso no Corpo de Fuzileiros Navais, me deu as primeiras instruções: orientação com relação ao preparo físico, aspectos de saúde e a questão das provas escritas que, à época, eram em nível do 5º primário, como já estava estudando o 3º ano ginasial, não tinha problemas em relação a este aspecto. Foi o Cabo Lala que me informou a data do início das inscrições para o concurso de ingresso ao CFN.

Na data prevista, me dirigi ao Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal no bairro das Quintas que ficava próximo à minha residência e fiz minha inscrição.

Fiz as provas com os demais candidatos/voluntários [uma das regras para ser Fuzileiro Naval é ser voluntário!  Ou seja, ninguém é obrigado a ser Fuzileiro Naval, no entanto, nem todos que querem podem sê-lo visto que, para ser Fuzileiro Naval, além de QUERER, tem que PODER sê-lo!].  Éramos cerca de 650 candidatos para 50 vagas.  Uma proporção aproximada de 13 candidatos disputando uma vaga!

Após a aprovação nos exames escritos, foram selecionados 150 candidatos para as demais etapas do processo seletivo que incluía avaliação médico/odontológica, corrida, natação, subida no cabo vertical de 5m, exames psicológicos, ...  Após esta bateria de exames saiu a relação dos 50 selecionados e eu lá estava!

O curso de Formação de Soldado Fuzileiro Naval foi iniciado dia 12 de junho de 1973.

O curso de formação de soldado fuzileiro naval é intensivo, com uma rotina diária que normalmente se inicia por volta das 5h30min e termina por volta das 21h, isto quando não está previsto alguma atividade noturna.  Este período é crucial e decisivo para quem quer e pode ser Fuzileiro Naval!  Muito sangue, suor e lágrimas! No entanto, àqueles que conseguem terminar o curso, tem sua recompensa por não ser mais o "ser" que era antes!

Nos posts futuros, à proporção que minhas lembranças vierem à tona, escreverei sobre este período.

A turma I/73 do GptFNNa fez seu juramento à Bandeira no mês de outubro e após fomos incorporados às subunidades do Grupamento conforme as necessidades da Administração Naval.

Agora SOU UM FUZILEIRO NAVAL DA MARINHA DO BRASIL!




Adsumus!





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