quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Incursão Anfíbia e a antena RC-292.

Das Operações Anfíbias, a Incursão Anfíbia é a que os Fuzileiros Navais tem a menor permanência em território 'inimigo', visto ser uma operação de 'rápida penetração no território inimigo com uma retirada planejada, com o objetivo de resgatar reféns ou destruir ou negar ao inimigo, uso de pontos estratégicos, como uma estação de rádio'.  De uma forma resumida, eis o conceito de Incursão Anfíbia.

Participei de uma Incursão Anfíbia em que a "Força Incursora" foi nucleada numa Companhia de Fuzileiros Navais do Batalhão Humaitá - não lembro o ano e nem vou consultar minha CR!  Aqui são minhas memórias e as escrevo conforme os assuntos 'venham à minha memória'! KKKK!

A Diretiva Inicial, é um documento emitido pela autoridade que determina a execução de uma operação e nela informa os meios disponíveis para o comandante que irá conduzir a operação, prazo de execução, etc...,  foi eu que recebi a 'DI' no Centro de Mensagens do Batalhão Humaitá pois era o CN de Serviço!

O Batalhão imediatamente iniciou os preparativos para cumprir a Diretiva Inicial e fui escalado pelo Oficial de Comunicações a ser o rádio-operador da Força Incursora em vista da minha experiência em outras operações.

Meu principal objetivo era garantir as comunicações rádio entre a Força Incursora em terra e o Comando da Força Tarefa Anfíbia que estava embarcado num navio transporte de tropa. Para garantir o sucesso das comunicações rádio resolvi levar uma antena RC-292 que, depois da montagem dos seus mastros de elevação dos elementos irradiantes, permite melhorar o alcance do rádio EB11-ERC110, podendo, em muitos casos, ultrapassar os 30 km, apesar da baixa potência do rádio transmissor.

A Força Incursora fez o movimento navio para terra via embarcações pneumáticas (EDPn) com propulsão a remos em função da necessidade de se manter o sigilo (discrição) da operação visto que nosso objetivo era resgatar um 'refém' que estava em poder de um grupo 'terrorista'. (Ver nota abaixo!)

Após o desembarque, 'negociei' com o oficial comandante da operação terrestre a questão do transporte da antena - a antena era armazenada num envólucro de lona e pesava mais de 10 kg, de formas que ficava inviável para eu transportar sozinho, além do meu equipamento individual básico de combate, o rádio EB11-ERC110 e  a antena - então ficou acertado que a antena seria transportada por dois colegas durante a marcha a pé empreendida entre o local do desembarque e um local próximo à área do objetivo. Este trajeto durou cerca de 15h de caminhada! Entre a meia noite e até por volta das 15h do dia "D" quando paramos para almoçar, descansar e nos preparar para o resgate do 'refém' que seria feito à noite, aproveitando a escuridão total da noite - aquelas noites entre o último dia da lua minguante e início da lua nova.

Mas, ... e a antena?  Bem, os colegas transportavam a antena por um certo período de tempo e quando estavam cansados, solicitavam aos companheiros à frente ou à ré, conforme estava antena 'viajando' de mãos em mãos, pois o descolamento era em 'coluna de marcha'. 

A 'turma' quase me mata! KKKK!  Me chingavam até as gerações futuras! KKKKK!  

A operação foi um sucesso!  Conseguimos resgatar o 'refém' são e salvo e tivemos o apoio de uma Força Tarefa Mecanizada para apoio de fogo e transporte até a área do reembarque nos navios transportes de tropa e viaturas.

Quando voltamos ao Batalhão, a galera da Força Incursora sempre que me encontravam pelo pátio do Batalhão relembravam a aventura do transporte da antena! KKKKKK!   

"Pô, Felix, da próxima vez esquece aquela antena, cara"!  KKKKKK!!!!!

Nota: Esta 'operação' foi um EXERCÍCIO militar com o propósito de treinar, doutrinar e preparar os Fuzileiros Navais  e os demais meios envolvidos neste tipo de operação.

Adsumus!



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