quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Como aprendi a ler e escrever no sítio!


Meu aprendizado da leitura e escrita como também da aritmética, foi sob condições interessantes, comparada aos padrões atuais. Já escrevi aqui no blog que, no ano de 1960, meu pai comprou um pequeno sítio no lugarejo chamado "Olho D'Água, próximo ao município de Pureza, RN e para lá nos mudamos. Eu tinha 4 anos.

Minha professora foi minha mãe!  A Senhora Antonia Dias Barbosa!  

Antes quero tecer um comentário de como minha mãe aprendeu a ler!  Meu avô, o pai da minha mãe, não queria que as filhas  estudassem para não escrever cartas ou bilhetes para namorados!  O fato é que, na comunidade conhecida por Ponta do Mato, próximo a cidade de Ceará Mirim, RN, onde minha morava à época, havia uma professora que resolveu ensinar às jovens que tinham uma situação de vida semelhante à minha mãe, a ler e escrever.  Ela, a professora, reunia à noite, sob a luz do lampião, as várias jovens que queriam aprender.  No caso da minha mãe, a mesma esperava meu avô dormir e aí ela 'fugia' de casa e se dirigia à residência da professora para 'desarnar' - termo usado na época para quem estava aprendendo a ler e escrever!  Foi sob estas condições que minha amada mãe aprendeu o 'beabá' e as operações matemáticas de soma e subtração.

Para meu aprendizado - o 'desarnar' - meu pai comprou uma cartilha, famosa na época, conhecida como "Cartilha do ABC", e a cartilha de "Aritmética" com as bases para o aprendizado da matemática.

Durante o dia, minha mãe arranjava um tempo para me ensinar.  Primeiro conheci as letras do alfabeto.  Depois aprendi a 'juntar' - a formar as sílabas - e os sons das mesmas eram treinadas através do método conhecido como 'soletrar'.

Quando aprendi a ler, veio outra dificuldade: no sítio não tínhamos escola e, muito menos biblioteca, de formas que meu primeiro livro para treinamento da leitura, foi um livro de orações da minha mãe conhecido como "Adoremos".  Minha mãe era - e é! - muito religiosa, seguidora do catolicismo apostólico romano!

Como tínhamos dificuldade de adquirir cadernos para treinamento da escrita e das operações matemáticas, eu aplainava com um pedaço de madeira o chão arenoso da região, sob uma árvore [eu gostava do cajueiro que existia em frente à casa!], e ali eu montava as contas das operações de soma e subtração para treino.  As vezes escrevia pequenos textos, sob estas condições!

Foi sob estas condições que aprendi a ler, escrever e a fazer as operações matemáticas de soma e subtração.  As operações de multiplicação e divisão, só vim aprender quando voltamos para Natal e eu fui frequentar uma escola.  Aí já serão outras histórias!

Adsumus!


Senhora ANTONIA DIAS BARBOSA, minha amada e querida mãe!

As famosas Cartilha de ABC e a Tabuada!

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